Por MTL-DI e MPRA
Nós, lutadores populares e socialistas, organizados no MTL-DI (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade – Democrático e Independente) e no MPRA (Movimento Popular pela Reforma Agrária) estamos unidos em profundo debate sobre a necessidade de novas práticas no movimento social. Entendemos que o Brasil precisa de um novo movimento popular que erga as bandeiras dos trabalhadores do campo e da cidade, socialista e autônomo em relação aos partidos e governos.
Foi regra durante o século XX a degeneração das organizações, movimentos, partidos e estados da classe trabalhadora. Aqui no Brasil vimos como diversos movimentos antes combativos, estão hoje atrelados ao governo Lula, que faz reformas contrárias à população trabalhadora, aprofundando o que víamos sob o governo FHC. Não temos respostas definitivas, vacinas universais contra o vírus da burocratização. Mas tiramos algumas lições importantes de nossas experiências recentes.
O Movimento que queremos
Durante aproximadamente dois anos acumulamos algumas discussões sobre formas de organização que vão além da falsa direção democrática. Buscamos práticas que realizem o discurso da democracia interna, onde os dirigentes sejam submetidos ao controle da maioria. Defendemos um movimento que garanta a mais ampla possibilidade de defesa dos pontos de vista de qualquer minoria organizada.
Estimularemos a luta por terra, moradia, trabalho, educação, saúde e pelo fim de toda exploração, combinando as reivindicações pelos direitos do povo pobre com um programa de transformação revolucionária da sociedade. Para isso devemos combinar agitação política e ação direta com a organização de base dos trabalhadores, que politiza forma e dá consistência à construção do poder da classe.
Devemos superar a separação entre o trabalho intelectual e manual, entre os que pensam e os que fazem. Sem formação cotidiana de todos os membros, sem colocar à sua disposição as conquistas culturais e científicas da humanidade, não cumpriremos nosso papel libertário. Não podemos deixar de pé as colunas que sustentam o regime de opressão e exploração do homem pelo homem. Por isso temos de reconhecer que o machismo, a homofobia e o racismo não são privilégios da classe dominante. Estão em nosso meio e devem ser combatidos.
Queremos deixar do lado de fora o sectarismo e a auto proclamação. A luta dos trabalhadores é plural e reconhecemos e defendemos nossos irmãos organizados sob outras bandeiras. Suas tradições e histórias de luta também são nossas.
Fazemos a todos o chamado da esperança. Sempre discutimos que a esquerda, depositária das melhores tradições humanas de solidariedade e generosidade vivia um período de reorganização e balanço que estava apenas no seu início. Hoje vemos sinais importantes, tanto pela negativa quanto pela positiva, desse processo no Brasil e no mundo. No entanto, persistem nas novas organizações, ou partidos, os métodos que reproduzem o autoritarismo e ainda colocam a vontade dos dirigentes acima do debate e da discussão coletiva.
Nós fazemos um chamado aos movimentos e organizações para a construção de novas práticas de fato revolucionárias. Pretendemos traçar rumos que sejam ditados por trabalhadores em luta no campo e na cidade, por ninguém mais. E convidamos você a se integrar a esse esforço.
Pela reforma agrária e urbana, JÁ!
Por um Novo Movimento socialista, democrático e independente dos estados, dos governos e dos partidos!
Pelo socialismo e pela liberdade!
Degeneração do MTL
O MTL surgiu em 2002 pela unificação de três movimentos socialistas e contribuiu com radicalidade na luta e organização da parte mais empobrecida da classe. Infelizmente, o que vemos hoje é que muitos dos processos que levara à perda do PT, da CUT e da UNE corroeram nosso movimento. Uma parcela dele fez uma opção preferência pela luta eleitoral no PSOL, em detrimento à mobilização direta dos trabalhadores. Passou a vigorar um regime em que, mesmo sem fóruns de discussão e deliberação, uns poucos determinavam o que se devia fazer. Como conseqüência, o próprio regime interno do MTL foi corrompido, desaparecendo a democracia defendida em sua fundação. Em setembro de 2007, criamos o MTL-DI como sigla temporária para tocar nossas lutas, rumo a construção de um novo movimento.
O MTL-DI se articula no campo e na cidade em 5 estados, colocando os princípios que discutimos nesse panfleto como guia de militância cotidiana.
O MPRA organiza trabalhadores rurais pela reforma agrária no Triângulo Mineiro, buscando formar uma base consciente na sua luta. Procuramos novas práticas para valorizar a participação como critério primordial da democracia.
Em cada luta parcial em que nos encontramos, procuramos contribuir com radicalidade, apontando como cada uma delas se articula à luta pelo socialismo.
Contatos:
MTL-DI: mtlindependente@gmail.com | mtl.regionalsp@gmail.com |
MPRA: gentedaterra@gmail.com
Site: http://mtl-di.blogspot.com
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Por um Movimento Popular e Camponês combativo, democrático e independente
Publicado Por Terra Livre às 20:57
Leia Mais: Documentos, Luta pela terra, Luta Urbana