Enquanto o governo Lula se acovarda, confirmando ter rabo preso com a máfia do Grupo Opportunity, o banqueiro Daniel Dantas segue solto junto com seus comparsas. Suas ligações com parlamentares, figuras de influência nos governos FHC e Lula e junto ao Judiciário lhe renderam até Hábeas Corpus preventivo do senhor Gilmar Mendes, Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Responsáveis pela apuração dos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, evasão de divisas (entre outros), o juiz Fausto de Sanctis e o delegado Protógenes Queiróz sofrem pressões de todos os lados.
A Operação Satiagraha expôs apenas a ponta do novelo de um esquema muito maior. As inúmeras formas de captação de recursos – de preferência dinheiro público – pelo Grupo Opportunity passam pela lavanderia do respeitável “megainvestidor” Naji Nahas, que milagrosamente transforma dinheiro sujo em dinheiro limpo. O ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, aparece no caso apenas como um dos comensais de Nahas e Dantas, provavelmente por serviços prestados ao grupo.
Os tentáculos do Grupo Opportunity, cuja sede é no paraíso fiscal das Ilhas Cayman, se estendem ao Congresso Nacional, onde é conhecida a bancada de Daniel Dantas. Um de seus expoentes (embora negue) seria o senador Heráclito Fortes (DEM), que alega prestar apenas favores a amigos. Também figuram entre os expoentes da bancada DD a senadora Ideli Salvati (PT) e o deputado José Eduardo Cardoso (PT).
Dantas tem muito mais gente no bolso, como indica sua participação no escândalo do Mensalão, no qual era um dos financiadores. Basta que se revele os nomes dos 90 sócios do Opportunity e os nomes que constam de documentos encontrados numa parede de fundo falso no apartamento de Dantas, no Rio.
O grupo Opportunity nasceu e cresceu na Era FHC, com a privatização da Telefonia, do Metrô do Rio, entre outras. No “limite da irresponsabilidade”, como admitiu um ex-ministro em conversa telefônica gravada e revelada pela imprensa, o governo FHC incentivou as privatizações através de consórcios que reuniam grupos privados nacionais e estrangeiros em associação com recursos de Fundos de Pensão de funcionários de empresas estatais, que jamais foram consultados a respeito.
Convém lembrar que o Opportunity esteve implicado em outros escândalos, como a espionagem da cúpula do PT no caso do assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, através da empresa Kroll.
Entre os advogados de Dantas aparecem os senhores Luis Eduardo Greenhalg (dirigente nacional e ex-deputado federal do PT/SP) e Roberto Teixeira, o compadre de Lula. Conversas entre Greenhalg e o secretário da Presidência da República e também dirigente nacional do PT, Gilberto Carvalho, ligam diretamente a cúpula do governo aos interesses ao grupo de Dantas.
Numa delas o advogado questiona a existência de uma investigação e cita o nome do delegado Protógenes Queiroz como “perigoso”. Em outra das conversas gravadas pela PF, uma advogada do Opportuniy se refere ao juiz Fausto de Sanctis como “um filho da puta”, cujo grande defeito é não ser corrupto. Também estão citados em escutas telefônicas gravadas os ministros Dilma Roussef, Mangaberia Unger e o ex-ministro José Dirceu.
Nas investigações também aparecem colaboradores deste esquema em órgãos da mídia, jornalistas que publicam sempre artigos e notas favoráveis ao grupo de Daniel Dantas. O mais vergonhoso é a indignação tantas vezes manifesta pelo senhor Gilmar Mendes, Presidente da mais alta corte do País, contra o que chama de “abusos” da Polícia Federal. O mesmo senhor que se posiciona contra o impedimento de candidaturas com processos por crimes comuns nas costas.
Pois bem, entre a máfia dos grupos privados citados na Operação Satiagraha, a cúpula palaciana de rabo preso e seus tentáculos no PT, as ramificações no Congresso Nacional, o esquema envolvendo jornalistas e órgãos de comunicação e o Presidente do Supremo Tribunal Federal, a sociedade certamente está solidária com os dois servidores públicos concursados, o juiz Fausto de Sanctis e o delegado Protógenes Queiroz.
Como se vê misturam-se nesta história além dos crimes previstos em Lei, interesses de grupos privados que se articulam como máfias com seus tentáculos nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
É fundamental que as organizações da sociedade civil organizada, sobretudo as entidades representativas do funcionalismo público, manifestem-se publicamente em favor do juiz e do delegado, além de cobrarem uma apuração firme e transparente deste que pode ser um dos maiores escândalos do País.
* Artigo do jornalista e radialista Henrique Acker (21/7/2008)
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Operação Satiagraha: servidores concursados peitam máfias*
Publicado Por henrique às 11:12