Por Henrique -RJ
Energia produzida a preço mais barato!? Mágica? Não! O que explica a vitória do consórcio que arrematou o direito de exploração da energia gerada pela usina hidrelétrica do Rio Madeira é a velha associação entre capital estatal e capital privado. Uma nova modalidade da velha sociedade. Furnas e Cemig (uma estatal e outra uma empresa estatal de Minas) entram para executar as obras e toda a infra-estrutura, mas ficam com 49% do capital do consórcio. Quem manda mesmo é a sociedade entre as construtoras Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez e os bancos Banif e Santander que, juntos, detêm 51% do capital. Deu para entender?
Ou seja, os gastos com o pesado (calculados em R$ 10 bilhões) serão desembolsados por nós, contribuintes, que sustentamos as empresas estatais com os impostos que pagamos. Mas o lucro, calculado em R$ 30 bilhões durante trinta anos, ficará com os grupos empresariais. Assim é fácil entender a “mágica” que cercou o surpreendente resultado, que colocou os preços da energia gerada tão abaixo do esperado pelo próprio governo.
O ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, admitiu inclusive que nem o governo tinha parâmetros mais claros para definir o custo da geração de energia em empreendimentos da magnitude da usina do Rio Madeira. Mas, quando os repórteres presentes ao leilão perguntaram aos representantes do consórcio vencedor como explicavam a engenharia da redução de tarifas, o próprio ministro tomou a frente dos empresários e respondeu que aquele era um assunto privado das empresas e que não precisaria ser divulgado.
Um consórcio formado com 49% de participação de capital estatal não tem explicações a dar á opinião pública? O ministro é porta-voz do governo ou dos empresários? Tá explicado... A conta de luz pode até sair um pouco mais baratinha (o que não é garantido, mas foi anunciado), porque o lucro estrondoso das empresas privadas compensa. Toda esta farra tem um fiador: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma espécie de paizão das grandes empresas, que poderá financiar até 75% do valor das obras. E mais, para a exploração deste tipo de negócio naquela região as empresas recebem uma gorda fatia de isenção de impostos.
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
Povão paga a farra da usina do Rio Madeira
Publicado Por henrique às 10:22
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