Movimentos organizados de trabalhadores rurais de Goiás fizeram uma série de manifestações coordenadas e fecharam o trânsito de quatro rodovias que cortam o Estado. Durante toda a manhã, eles impediram o tráfego na BR 153 (trecho de Porangatu/Povoado Barreiro), na BR 158 (trecho Piranhas/Bom Jardim/Barra do Garças-MT), na BR 060 (trecho Guapó/Indiara) e também na GO 070 (trecho Itapirapuã/Jussara). Além das manifestações nas rodovias, parte do grupo também ocupou a sede do Incra em Goiás.
As quatro rodovias são as principais vias de acesso no Estado, e as manifestações provocaram atrasos e irritação nos motoristas. As polícias rodoviárias Estadual e Federal agiram e asseguraram o reestabelecimento do tráfego nas vias. O principal ponto de reivindicação é que o governo federal mude o índice de produtividade rural, para agilizar o processo de desapropriação de terras improdutivas.
"A base usada hoje é da década de 60 e não contempla a realidade atual. E esse é o grande entrave que dificulta e inviabiliza a reforma agrária", disse a secretária de Política Agrária da Fetaeg, Sandra Pereira. Outra bandeira de luta dos trabalhadores é a instituição, pelo governo federal, do limite máximo de tamanho para as propriedades rurais.
O bloqueio nas rodovias durou apenas parte do período da manhã, mas a ocupação à sede do Incra promete ser bem mais duradoura. "Não sairemos daqui enquanto o governo federal não voltar atrás na decisão de fazer a mudança na gestão do Incra Regional", garantiu Sandra.
Os trabalhadores querem a garantia da permanência de Ailtamar Carlos da Silva, na superintendência regional do instituto. Os manifestantes querem impedir que Silva seja substituído pelo odontólogo Rogério Arantes, sobrinho do deputado federal Jovair Arantes (PTB).
"Esse cidadão não tem nenhum vínculo com os movimentos sociais e muito menos com a questão agrária de Goiás", reclama o sindicalista Elias Borges, secretário de administração da Fetaeg.
De acordo com levantamento da própria organização, cerca de 2 mil pessoas participaram das cinco mobilizações em Goiás. Os movimentos não descartaram a possibilidade de voltar a fechar rodovias nos próximos dias, caso as reivindicações não sejam atendidas.
As manifestações foram organizadas pelo Fórum Estadual da Reforma Agrária, que é composto por cinco organizações: Movimento dos Sem-Terra (MST), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás (FETAEG), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade - Democrático e Independente (MTL-DI) e Movimento da Volta do Trabalhador ao Campo (MVTC).
Sebastião Montalvão (Especial para o UOL, de Goiânia)
quarta-feira, 19 de março de 2008
Sem-terra protestam e fecham rodovias em Goiás
Publicado Por henrique às 07:41